terça-feira, 17 de julho de 2018


RUBEM ALVES





FRASES:

“Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva.” (Rubem Alves)

“Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ENSINAR AS PERGUNTAS. As respostas nos permitem andar sobre terra firme mas, somente as perguntas nos permitem entrar pelo mar desconhecido.” (Rubem Alves )
TRAÇOS DE SUA EDUCAÇÃO :
SOCIAL : As escolas são instituições que transmitem conhecimento científico, não valorizando o homem como um sonhador, visando o bem estar do povo, tendo como tarefa a desenvolver nos cidadãos e sua  capacidade de pensar. Pois, o que faz um povo, são os pensamentos que os compõem.
POLÍTICO : É através da paixão pela educação que, Rubem Alves descreve as cenas da beleza da aprendizagem, o sentido poético do sonhar, o prazer  em apreender, a valorização do homem, do saber viver, e a importância de se gostar do mundo valorizando o que é belo. O autor coloca como missão da educação, não só a cientificidade da aprendizagem mas, a importância de se ver o mundo através dos olhos da beleza, isto é, aprender através do prazer de saber, defende que sabedoria nada tem com a quantidade de informações que a pessoa consegue armazenar na cabeça, mas antes, com a capacidade de discernir o gosto das coisas, sabedoria está relacionada à prazer, só vai para a memória aquilo que é objeto de desejo e, neste contexto,  a tarefa primordial do professor, seria aguçar o desejo nos alunos e que, desejando, aprenda.

Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva, o pensamento tem origem no afeto. Afeto, do latim affecare, significar ir atrás,  o afeto é o movimento da alma na busca de seu objetivo de desejo, é o pensamento, a ponte que o corpo constrói a fim de alcançar esse objeto. Sendo assim, a máquina de pensar não pensa se o desejo for satisfeito pois, neste caso o pensamento não acontece; esse é o erro de pais e professores que, dão resposta antes de haverem perguntas. Saber por saber é inumano, é por intermédio das idéias que o mundo se constrói, pensar é adentrar em caminhos desconhecidos, não existe nada mais letal ao pensamento que o ensino das respostas corretas, somente as perguntas são capazes de nos introduzir num mundo inédito e desconhecido. Faz sentido o que Barthes disse a respeito do sistema de ensino : “depois de um longo tempo ensinando o que se sabe, virá uma era em que se ensinará aquilo que não se sabe.”

Rubem Alves é crítico quanto à leitura, não acreditando na quantidade do que se lê, mas na qualidade e no processo crítico da leitura, ler por prazer se transforma em alegria, conhecimento adquirido e assumido. Valoriza os diversos saberes, vislumbrando sempre os prazeres e alegrias de aprender; a felicidade de saber viver. Faz críticas à cientificidade, à ciência propriamente dita, pois ela não deixa o simples, o mero cotidiano de o conhecimento natural fluir; só validando o que é científico. O que não é científico é muito mais atraente e enfeitiçante, e é preciso saber compreender essas coisas importantes da vida como a poesia, a música, a beleza, a alegria. É preciso saber conviver com os dois: o conhecimento e a beleza. Mas, a beleza não é científica.

A ciência busca ser a imagem fiel da realidade, trabalha com resultados válidos, confiáveis e reprodutíveis, sendo este, o critério de sua verdade. O prazer não pode ser medido, nem sempre repetido, o sentimento não vem pronto, não há método, nem teoria, simplesmente se sente, se deseja; e o desejo do prazer e do sentir é que move o mundo. Rubem Alves é a favor das pesquisas científicas desde que, a cientificidade também valide aquilo que não é científico. O saber profano do sentir, viver, amar, apreciar, questionar, gostar e degustar as coisas simples de vida, as coisas de todos os momentos. No entanto, é a ciência que produz e contribui para a construção da vida e a formação da cultura.

Rubem Alves destaca a importância das pequenas sensações que fazem do homem um ser único, com sentimentos religiosos, intuitivos, criativos, fazedor de sonhos, construtor de sua própria imaginação, admirador das belezas da vida, um pensador, um praticante do amor, um viajante do conhecimento, um inventor da liberdade, ávido de informação e aprendizagem, um ser que pensa, reflete, critica  continua em busca de luz, de conhecimento, sempre em busca da ciência sendo um aprendiz do Universo. É assim, poeticamente, por meio de metáforas, que Rubem Alves interpreta a sabedoria da ciência no conhecimento do cotidiano, na esperança de alargar e expandir a educação.

É clara sua vontade de disseminar os seus sonhos, suas esperanças, as sementes da educação para quem quiser fazer delas um jardim florido de pensamentos e idéias. Entre metáforas, através de cartas aos produtores de sonhos, o autor coloca sua opinião do dever educacional instituindo seu parecer para aqueles que comandam e divulgam a cultura, aqueles que com seu poder interferem na construção e formação dos conceitos existenciais, os mestres, professores e educadores, artistas do meio sócio-educacional; levando sua ideologia e às vezes traduzindo a vontade que o envolve como jardineiro que sonha, ama e curte a tarefa de cuidar do seu jardim. O ato de educar é uma semeadura. O que é que se encontra no início? O jardim ou o jardineiro? É o jardineiro. Havendo um jardineiro, mais cedo ou mais tarde um jardim aparecerá. Mas, havendo um jardim sem jardineiro, mais cedo ou mais tarde ele desaparecerá. O que é um jardineiro? Uma pessoa cujo pensamento está cheio de jardins. O que faz um jardim são os pensamentos do jardineiro.

O que faz um povo são os pensamentos daqueles que o compõem. As escolas se dedicam a ensinarem os saberes científicos, visto que sua ideologia científica lhes proíbe lidar com os sonhos, coisa romântica! Assombra-me a incapacidade das escolas de criar sonhos! Enquanto isto os meios de comunicação, principalmente a televisão, que conhecem melhor os caminhos dos seres humanos, vão seduzindo as pessoas com seus sonhos pequenos, freqüentemente grotescos. Assombra-me a capacidade dos meios de comunicação para criar sonhos! Mas de sonhos pequenos e grotescos só pode surgir um povo de idéias pequenas e grotescas, ignorando que o essencial, na vida de um país, é a educação."

O perigo das escolas da contemporaneidade é que, de tanto ensinarem os legados do passado fizeram os alunos se esquecerem de que seu destino não é o passado cristalizado em saber, mas um futuro que se abre num vazio, um não saber que só pode ser explorado por intermédio do pensamento.

Rubem Alves é uma pessoa que aspira loucamente por um sistema educacional onde possa haver igualdade de expressão,  onde as diferenças não sejam destruídas, mas integradas. O autor defende uma educação que estimule o indivíduo a desenvolver os seus próprios pensamentos, na contemporaneidade, as crianças são treinadas durante toda a carreira escolar, desde o jardim da infância, a repetir pensamentos de outrem, falar sobre os próprios pensamentos não lhes é ensinado. Parece que a destruição do pensamento individual é uma consequência de nossas práticas educativas.

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