terça-feira, 17 de julho de 2018



FORMA E CONTEÚDO:






A pedagogia histórico-crítica, propõe uma prática pedagógica, baseada na a interação entre o conteúdo e a realidade concreta, visando a transformação da sociedade através da ação-compreensão. O método dialético permite um sentido amplo aos conteúdos, que não se esgota na prática uma vez que, o processo de formação humana deve ser voltado para a unilateriedade, visando a formação de pessoas plenas de humanidade. A relação do ser humano com o meio físico e social não é natural, nem uma relação de adaptação do indivíduo, o homem pelo trabalho, transforma o meio produzido pela cultura e se transforma, sendo assim, as relações sociais influenciam na formação do caráter da pessoa e as crianças, por sua vez, internalizam as oportunidades que lhes são oferecidas pelo meio, daí a importância de se oferecer a elas, o que de mais elaborado existe disponível na bagagem cultural do universo.

As tradições culturais e os símbolos por elas criados, fazem parte do ser humano e são ao mesmo tempo, exteriores a ele. De acordo com a perspectiva Histórico-Crítica, somos frutos de um contexto histórico, e nos constituímos nas relações sociais, por esse motivo, faz-se necessário, possibilitar que a criança tenha acesso à experimentação, à pesquisa e a leitura da linguagem visual e simbólica, da qual o desenho faz parte e, vale lembrar que, os sentidos também são desenvolvidos socialmente, sendo necessário estimular a criança a desenvolve-los. Esta perspectiva, tem grande preocupação com a seleção e organização dos conteúdos escolares, estes conteúdos, representam os elementos desenvolvidos culturalmente que devem ser assimilados pelas gerações posteriores. A aplicação das bases da teoria histórico-cultural e da pedagogia histórico crítica, dentro do cotidiano da sala de aula, especificamente na relação forma e conteúdo, distancia-se da situação expressa nos materiais apostilados e de práticas mecânicas, diz respeito de um lado, à organização dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelas pessoas e de outro, a descoberta das formas mais adequadas para se atingir esse objetivo, isto é, dar forma e ao conteúdo.  A questão central dessa perspectiva é a problematização das formas, dos processos, dos métodos, estes por sua vez, não devem ser considerados em si mesmos, pois as formas só fazem sentido na medida em que possam viabilizar o domínio de determinados conteúdos...  

A verdadeira história do homem, diz respeito a história de suas atividades práticas e dos conteúdos que referem, as teorias e aos conceitos estudados. A forma, tem relação com a prática e prática, tem sua raiz no termo latim práxis, sinônimo de conduta/ação. É uma teoria que representa a interação do homem com o meio que o cerca e, só faz sentido realmente, se a pessoa conseguir alterar sua conduta e isto, depende muito da mediação e de atividades orientadas para determinado fim. A práxis promove a transformação das estruturas socias da realidade, por desencadear uma ação reflexiva capaz de mudar a sociedade, é entendida como uma mudança de parâmetros que ajuda a criar na prática novas possibilidades, de modo a impedir que, nem a teoria (conteúdo) se cristalize como um dogma e nem a prática (forma) seja uma alienação.

 A práxis desencadeia na pessoa um processo de abstração, que permite ao pensamento se fazer e refazer, proporcionando uma ação individual no sujeito, que procura realizar sua prática. A práxis intencionalmente dirigida para determinado fim, possibilita o surgimento do pensamento abstrato e este, depende de alguns fatores, dentre os quais: estímulos externos captados pelos órgãos sensoriais, lembranças evocadas da memória e mensagens provenientes da mente; a capacidade da mente para criar novas rotas ou descobrir meios inéditos de se alcançar objetivos relaciona-se com o pensamento abstrato.

Abstrair significa remover algo de algum lugar, pensar abstratamente, é considerar um conceito de forma ampla, quando envolvido num processo criativo, o pensamento abstrato adquire proporções enormes que por sua vez, produzem um forte estimulo capaz de produzir novas sinapses, sendo dessa maneira, um estimulador de aprendizado, assimilação do conhecimento e de potencialização da memória. O processo de abstração, possibilita a decodificação dos objetos em símbolos e a linguagem simbólica, permite ir além da experiência, restaurando o caráter simbólico da linguagem. As abstrações são utilizadas para programar as atividades práticas das pessoas, as áreas cerebrais utilizadas neste processo desempenham papel fundamental na formação das intenções e na regulação de comportamentos humanos mais complexos. De acordo com Lukács (1970), operacionalidade da particularidade, diz respeito ao próprio instrumental de trabalho da particularidade no seio da obra de arte, por meio do conteúdo e da forma. Eles têm entre si, uma relação orgânica e são separados, só para efeitos didáticos, mas na prática não existem isoladamente. “A função positiva da particularidade, considerada como categoria específica da estética, ou seja, como a categoria que determina o que é específico da inteira esfera da estética, estende-se como pudemos ver, tanto ao conteúdo quanto na forma da arte, condicionando também a sua peculiar conexão, mais orgânica e mais íntima do que em qualquer outro tipo de reflexo da realidade. A incessante conversão da forma em conteúdo e vice-versa é, sem dúvida, o modo de ser universal da realidade. ” (LUKÁCS, 1970, p. 235).

O pensamento da criança se serve de imagens e símbolos, para solucionar problemas de operações internas por esse motivo, é importante pensar conteúdos de ensino por intermédio de práticas e mediações histórico-sociais, para ampliar os horizontes e as possibilidades perante o mundo. Neste sentido, faz-se necessário, conteúdos metodológicos convertidos em saberes, capazes de promover uma aprendizagem indireta, interferindo assim, na construção de novas habilidades.  Estes conteúdos de formação teórica, operam diretamente no desenvolvimento das funções psicológicas na medida em que, promovem a apropriação dos conhecimentos.

 Tudo o que se aprende modifica a pessoa, o conhecimento promove mudança de comportamento, o ideal, seria que a pessoa se apropriasse dos conteúdos e imediatamente começasse a agir de acordo com aquilo que apropriou. A educação é uma forma de trabalho não material que visa a transformação da consciência através da apropriação dos saberes produzidos e acumulados na história da humanidade, os conteúdos devem ser trabalhados na sua totalidade numa perspectiva dialética e interdisciplinar visando a apropriação e o desenvolvimento intelectual da pessoa.

 Os homens transformam e se transformam por intermédio de atividades práticas, e sua vida depende das relações que estabelece para construção de uma prática coletiva que, por sua vez, é a história da própria humanidade. É preciso deixar claro que, o social não é produto do indivíduo, mas os indivíduos é que são produtos do social, neste sentido, a individualidade, a forma das pessoas se relacionarem, a maneira pela qual produzem e se inserem no mercado produtivo, seus gostos e seus desejos, estão condicionadas histórica e socialmente.
Por este motivo é necessário educar no sentido de ensinar a questionar, a respeito das relações que estão estabelecendo, para construir a prática coletiva que constrói a história da humanidade e o que é preciso mudar para melhorar. O sistema capitalista que impera na contemporaneidade usa o sistema educacional para moldar os indivíduos de acordo com seus interesses mesmo que não nos apercebamos disto, fazendo com que a práxis intencional do indivíduo se funda a de outros, acarretando umas práxis que cada um isoladamente, não desejou e produzindo resultados não almejados. O resultado disso é que nós humanos, seres sociais e dotados de consciência e vontade (aquilo que nos difere dos animais), acabamos por agir inconscientemente desperdiçando assim, nossas capacidades e ignorando o fato que, os resultados são fruto de suas atividades práticas.

O que a perspectiva por nós abordada defende e aquilo que almejamos com este trabalho é utilizar as teorias e ferramentas estudadas para o desenvolvimento de atividades que promova uma mudança na práxis social do indivíduo e para tanto faz-se necessário que aprendam através de uma práxis intencional. Uma práxis é intencional, na medida em que, sua atividade consciente, adote uma forma social e se converta numa práxis coletiva. É assim que ocorrem mudanças históricas decisivas e grandes transformações. Para a pedagogia histórico-crítica, ninguém nasce pronto, as pessoas SE TORNAM e isto depende de um comportamento criado uma vez que, as pessoas são o resultado do seu meio. É necessário pensar a respeito de como está o mundo a nosso redor e o que pode ser melhorado, somos os responsáveis pelas formas como criamos o mundo e a nós mesmos como seres humanos e somente uma ação reflexiva pode mudar a sociedade e é hora de o indivíduo superar sua condição de espécie para se tornar humano.




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