domingo, 4 de dezembro de 2011

Novo perfil do consumidor/ Gilles Lipovetsky- Moda e Alegoria da Caverna(Platão)



NOVO PERFIL DO CONSUMIDOR/ LIPOVETSKY x PLATÃO



ALEGORIA DA CAVERNA: Platão
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de mentiras.
Platão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis, como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da caverna, que acaso se liberte, como Sócrates correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente. Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que quase tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente diferentes.
A Alegoria da Caverna nos convida a imaginar que as coisas podem acontecer, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna: ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades que imaginam ser as única....

LIPOVETSKY - A Moda e a Alegoria da Caverna
Em seu livro O Império do Efêmero Lipovetsky observa que desde Platão, sabe-se que os jogos de luzes e sombras na caverna da existência barram a marcha do verdadeiro, a sedução e o efêmero escravizam o espírito, são os próprios signos do cativeiro dos homens.
Aí está a grande, a mais interessante lição histórica da Moda: nos antípodas do platonismo, deve-se compreender que hoje a sedução é o que reduz a desrazão, o factício favorece o acesso ao real, o superficial permite um uso ampliado da razão, o espetacular lúdico é o trampolim para o juízo subjetivo.
Nós não somos "nada" além de personagens em trânsito. A cada instante, novas representações , por territórios em que não existem mais fronteiras.
O consumidor atualmente está passando por um contínuo processo de mudança acarretado por transformações no meio que o cerca; tem um novo perfil, possui novas ambições, sonhos e desejos.
Já não se importa em adquirir as peças mais valiosas das mais caras grifes, nem os últimos lançamentos e tendências....Esse novo público tem suas preferências e particularidades, seu "estilo", o que importa para ele não é preço ou novidade o que procura são coisas com as quais se identifique, que tenham uma conexão com ele, e que, de alguma maneira, transmitam uma mensagem de sua própria essência!


"Não é mais a mudança de si mesmo que aparece caminho da felicidade, mas a atividade fabricadora de aliviar as penas e embelezar a vida." (Gilles Lipovetsky)




  ESTILO E ESSENCIA Estilo pode incluir moda, design, formato, ou aparência, incluindo por exemplo: Estilos reais e nobres Em botâ...