MOTIVO DOS DESEQUILÍBRIOS:
O transcorrer do tempo, as
mudanças, descobertas evoluções e tecnologias; facilitaram e muito a vida do
ser humano – quanto a isto não há dúvidas, porém, todo este excesso de
informações e preocupações fizeram com que o homem, fosse se esquecendo de sua
Mitologia Pessoal, de sua essência, afundando assim, cada vez mais, no “mundo
das sombras”, deixando de lado o “mundo das idéias”, o que veio a acarretar
várias conseqüências negativas para o próprio indivíduo, que passa a viver numa
realidade das superficialidades, na camada mais externa, onde tudo não passa de
uma cópia imperfeita.
Sem perceber onde está entrando,
sente-se perdido, não entende a causa de seus problemas, e uma era que poderia
ser fantástica pela diversidade e velocidade das evoluções, acaba se tornando a
- “Era das depressões”.
As pessoas encontram-se cercadas
por inúmeras possibilidades e atrativos, têm tudo com mais facilidade e
conforto. Entretanto, ao invés de lhes causar felicidade e prazer, acaba por gerar
sofrimentos e um sentimento de vazio...Um vazio que não pode ser preenchido por
aquisições materiais nem por todo dinheiro do mundo!
Neste contexto, desponta uma
necessidade de interação com outras pessoas, uma interação real e não simplesmente
virtual (que o levou a se isolar cada vez mais, em suas busca diária por
segurança e privacidade). Cada um no seu "mundinho particular."
DESVANTAGENS DO SISTEMA CAPITALISTA:
O sistema capitalista induz ao
desenvolvimento de uma relação efêmera com “as coisas” e com o mundo que nos
cerca. Poucas pessoas refletem sobre os impulsos que conduzem suas atividades.
À medida que a economia passa a
girar em torno da acumulação do capital, e o trabalho passa a ser dirigido para
a produção de mercadorias, a sociedade caminha por valores, que a induzem ao
consumo de produtos criados no intuito de manter o ciclo de reprodução do
capital.
A ideologia do sistema produtivo
em vigor é a ideologia do consumo e representa a base de sustentação dos lucros
das vendas.
Quanto mais rápido e em maior
quantidade se consome, mais o capital gira e é produzido. É a obsolescência
programada- o prazer que a aquisição de algo proporciona ao indivíduo é facilmente
substituído quando outro objeto ou serviço mais atraente aparece.
Neste sistema, não interessa a
produção de bens duráveis, pois freiam a rápida substituição, tornando o ciclo
do capital mais lento e longo. Como observou Lipovetsky (1989, p. 175):
"A sociedade de consumo é desprendida de seus objetos, pois “quanto
mais o consumo se desenvolve, mais os objetos se tornam meios desencantados,
instrumentos, nada mais que instrumentos: assim caminha a democratização do
mundo material”.
O descarte é uma característica
do capitalismo, não simplesmente descarte de “coisas” como também de pessoas.
Até mesmo instituições outrora tidas como inabaláveis e invioláveis como, por
exemplo, religião, casamento e fidelidade foram contaminadas por esse fantasma.
Atualmente, as pessoas trocam de crenças e relacionamentos tão rapidamente
quanto mudam de roupa...
É preciso considerar que, do
modo como se processa o referido sistema, há implicação sobre nós, a sociedade
e a natureza.
O ato de jogar fora e comprar
outro novo, se tornou uma perigosa rotina. Parece ter nos feito esquecer o verdadeiro sentido da matéria: o de
estar em constante transformação, esse “esquecimento” vem gerando acúmulos na
Natureza, poluição e principalmente, desperdícios...
OBSOLÊNCIA PROGRAMADA:
Atinge seu apogeu e nós “seres
racionais” somos manipulados sem sequer termos consciência disso, somos
controlados e prisioneiros em uma realidade “ilusoriamente livre” que só se
torna real, porque insistimos em nos fingir “cegos".
" Os seres
humanos não são uma entidade circunscrita e separada do mundo em que existe,
mas uma interação corpo-mundo que engloba ambos. “ (David Smail).
O valor que o homem moderno deu
a si mesmo, o levou a esquecer que está em suas mãos a responsabilidade de
inventar os indivíduos do mundo que o cerca. O modelo social vigente tem como
foco principal, gerar componentes humanos de uma sociedade cada vez mais
desumana!
As
pessoas parecem ter-se esquecido de que, para existir, todos dependem de redes específicas
de relações. Para vivenciar inteiramente a
humanidade, é necessário resistir à tentação de delegar a alguém ou a algo a
responsabilidade pessoal de conseguir viver à distância entre nossas
experiências e tentativas reducionistas de explicá-las como uma linguagem de
objetos conscientes. Como observou Wittgenstein:
“Estou propenso a
acreditar que a tendência de todos os homens que tem tentado falar ou escrever
sobre ética ou religião foi investir sobre os limites da linguagem. Estas
investidas contra as paredes de nossa jaula são absolutamente sem esperança. Na
medida em que emerge do desejo de dizer algo sobre o significado básico da
vida, o absolutamente bom, o absolutamente precioso e a ética, não podem ser
ciência, mas documenta uma tendência da mente humana.”
Qualquer significado do que construirmos
permanecerá como propriedade subjetiva pessoal. Em contrapartida, um
significado, jamais poderá descrever o estado real das coisas. Mas é necessário
transcender o conhecimento que inventamos.
Alguns conselhos para
atingir tal objetivo:
· Colocar á prova as idéias favoritas particulares
· Esforçar-se para sair dos limites da linguagem
· Questionar os próprios limites para agir e raciocinar
· Penetrar nos domínios nos quais o entendimento fraqueja.
O desejo de se fazer esse
esforço impossível é um sintoma da presença do sagrado: é o esforço para ir
além do aprisionamento da linguagem e alcançar o indizível
sentido de uma maior consciência. Os seres humanos possuem a capacidade de
aceitar a responsabilidade total pelos dilemas pessoais, é o contrário da fuga.
“A mais poderosa de todas as
circunstancias é atualmente, tratada
como morta.”
Tal afirmativa não é ateísta nem
ao menos agnóstica, ela admite a criação de circunstâncias e reconhece seu
valor histórico. Embora seja uma devastadora declaração de independência por
parte dos homens preparados para aceitar a responsabilidade por seus atos e
que, deixam de reconhecer o poder direcionador de quaisquer circunstâncias.
(Kelly, 1969).
O objetivo é ressaltar algo
sobre a responsabilidade humana. Se o criador não está mais entre nós assumimos
a total responsabilidade do modo como o mundo é construído..
É presunçoso jogar fora o bebe
divino junto com a água do banho ecológico e sistêmico, reduzindo assim a
percepção humana à mera consciência utilitária – e aqui novamente somos os
responsáveis pela escolha.
SOMOS RESPONSAVEIS PELOS MODOS
COMO O MUNDO É CONSTRUIDO. E, conseqüentemente, elo modo que construímos a nos
mesmos como seres humanos.
É tarefa nossa desenvolvermos um
ser com preocupação total em vez de continuarmos com essa consciência
utilitária.
Não temos nenhuma“Natureza”: temos apenas a
Natureza que geramos em nossas relações sociais.
Vivemos induzidos a acreditar
que, tudo que é preciso é obedecer ao líder, ao prestar tal obediência acabamos
não vendo o mundo de forma responsável.
Esse caminho nos afasta do
sagrado, uma vez que se apóia na submersão da percepção pessoal em regras
ideológicas. O principal modo de “NÃO SABER” é seguir cegamente regras
inventadas por outros. Como observou Kelly, (1969):
"As regras são
bastante úteis como corrimãos para a moralidade míope, e isso inclui a maioria
das pessoas. Mas...o homem que voluntariamente confia em regras e leis, que em
seu nome distinguem o bem e o mal, está apenas querendo evitar a antevisão
daquilo em que, no fim, o bem e o mal se tornarão. Futuramente não será nada
confortável, quando constatar que confundiu as coisas, quando der conta de que
fechou os olhos e se conformou com as regras.”
Segundo Bateson, mente e
consciência não podem se encontrar, há um abismo
entre ambas...Acredita que existe muito mais do que somos induzidos a ver e
crer.
Pedaços e
migalhas da mente que surgem na consciência proporcionam um quadro falso de sua
totalidade. Ocorre que, mesmo antes da “moderna tecnologia” algo tinha que ser
feito a respeito da divisão inata entre consciência e o resto da mente.
A consciência deixada à própria
sorte sempre arruína as relações humanas.
É preciso enxergar além, crer no
aparentemente inusitado; como observaram Bergier e Pawels em seu livro O
Despertar dos Mágicos:
“Esquadrinhar a história invisível é
um exercício muito são para o espírito. Desembaraçamo-nos da repugnância pelo
inverossímil que é natural, mas que muitas vezes paralisou o conhecimento.”