OS LIVROS E O EU DIVINO
As possibilidades de nos mantermos abertos à
experiência do sagrado dependem dos modos de ser que nos foram proporcionados
na relação pré-verbal, quando crianças. Depende da espontaneidade da relação corporal
mãe-filho, classicamente manifestada no brincar.
Um dos maiores fenômenos da
evolução da vida é, sem dúvidas, a transformação que passa a INTELIGÊNCIA
INFANTIL - o senso íntimo das crianças...Esses PEQUENINOS TIRANOS da nossa
existência, essas flores que perfumam os nossos lares e que são, ora a AFLIÇÃO,
ora o CONSOLO, o ENCANTO e a ALEGRIA de nosso viver.
É maravilhoso contemplar a
alma que se desenvolve, a INTELIGÊNCIA QUE JÁ PROCURA TIRAR UMA DEDUÇÃO OU
CRISTALIZAR UM RACIOCÍNIO.
O pensamento de crisálida,
tem a doçura e a suavidade de uma flor em eclosão e lembra o pássaro ensaiando
com as tímidas asas o primeiro vôo; nessa época, para a criança, é TUDO UM
MISTÉRIO. Ao passo que, para o homem que chegou ao "APOGEU DE SUA
EXISTÊNCIA POSITIVA", os fenômenos se passam físicos e sociais, COMO
SIMPLES FATOS de cujas causas finais ou primordiais, ele NÃO QUER SABER E
DISPENSA INVESTIGAR... Inversamente a isso, para o ESPÍRITO DA CRIANÇA, tudo o
que passa lhes impressiona os sentidos é uma NOVIDADE, um acontecimento
inédito, nunca imaginado. Essa CURIOSIDADE INFANTIL as induz a
tudo perguntar, a tudo querer saber com o intuito de se
assenhorarem dos porques de tudo.
Verden-Zoller faz o seguinte comentário a
respeito da capacidade humana para brincar: ”O bebê humano encontra a
mãe nas brincadeiras, antes de começar a falar. A mãe humana, contudo, pode
encontrar o bebê na não-brincadeira, pois já está na linguagem quando começam as
conversações que constituirão seu filho." Se encontra o filho na
brincadeira, isto é, em uma relação biológica congruente de aceitação total de
sua corporeidade, a criança é vista como tal e sua biologia é confirmada, no
fluxo do crescimento corporal e da transformação.
Se a mãe humana não brinca
com a criança, seja por causa de suas expectativas, desejos, esperanças,
aspirações, falta de tempo ou o que quer que seja, a biologia da criança é negada ou não confirmada e o crescimento dele é reduzido e a criança incapacitada, em vez de uma
normal...
Quando a mãe encontra a
criança na brincadeira – “em uma relação biológica de total aceitação de sua
corporeidade” – a criança passa a ser vista como tal, isto significa que foi
confirmada, admitida, reconhecida na integridade e na justiça de sua biologia,
desenvolvimento e crescimento, como SER HUMANO.
CENÁRIO ATUAL:
O problema é que a IGNORÂNCIA
SE TORNOU MAIS INTERESSANTE, especialmente a grande e fascinante ignorância
acerca de assuntos enormes e importantes como a MATÉRIA e a CRIAÇÃO.
As pessoas pararam de construir PACIENTEMENTE SUAS CASINHAS RACIONAIS NO CAOS
DO UNIVERSO E COMEÇARAM A SE INTERESSAR PELO CAOS EM SI – em parte, porque era
muito mais fácil ser especialista no Caos, mas PRINCIPALMENTE porque ele propicia várias estampas para colocar na camiseta. Saíram por aí dizendo que era
IMPOSSÍVEL SABER ALGUMA COISA, diziam que não havia NADA pra se chamar de
REALIDADE entretanto, sabiam que isso era extremamente empolgante.
Desconfia-se que exista um monte de PEQUENOS UNIVERSOS POR TODA PARTE imperceptíveis
à nossa LIMITADA VISÃO, uma vez que, encontram-se curvados dentro de si; sendo
assim, uma tartaruga grande com um Mundo nas costas se torna algo praticamente
ordinário; ao menos ela não finge que não existe, e ninguém no DISCO jamais
tentou provar que ela não existia, e se estivesse certo, ela seria vista no espaço vazio de repente.
O DISCO EXISTE BEM À BEIRA DA REALIDADE: As coisas sem importância podem atravessar para o outro lado! Portanto, NO DISCO, as pessoas
levam as coisas a sério! - COMO AS
HISTÓRIAS....
Histórias são importantes, as pessoas pensam que dão forma às
histórias mas, na verdade, é o contrário: AS HISTÓRIAS EXISTEM, APESAR DE SEUS
PARTICIPANTES, se você sabe disso, esse conhecimento é PODERRRR....
HISTÓRIASSSS:São grandes
fitas vibrantes de espaço tempo, MODELANDO, AGITANDO-SE e DESENROLANDO-SE pelo
Universo desde o início dos tempos... E evoluíram – as mais fracas morreram e
as mais fortes sobreviveram, Históriass ondulando e agitando-se na escuridão!
Sua simples existência forma uma camada tênue, porém impactante, sobre o Caos
que é a história... AS HISTÓRIAS DEIXAM SULCOS PROFUNDOS E MARCANTES para que
os indivíduos os sigam, da mesma maneira que água segue certos caminhos nas
encostas das montanhas, QUANDO NOVOS ATORES CAMINHAM PELO TRAJETO DA HISTÓRIA,
O SULCO FICA MAIS PROFUNDO. Isso quer dizer que, a
História, uma vez iniciada, ADQUIRE FORMA e capta as vibrações de todas as suas
outras versões já contadas. POR ISSO A HISTÓRIA CONTINUA SE REPETINDO O TEMPO
TODO! Histórias não se importam com quem toma parte delas: O IMPORTANTE É
QUE SEJAM CONTADAS, QUE SE REPITAM.....As Histórias são parasitas que manipulam vidas a
serviço apenas de si. Somente UM TIPO ESPECIAL de pessoa pode reagir e se
tornar o bicabornato da História: ERA UMA VEZ...
MITOS:
Os mitos são relatos fantásticos que
encontram lugar fora do tempo definido, histórias de caráter simbólico, dotadas
de lógica própria, criadas e preservadas pela tradição oral, eles possuem o
poder de nos enredar em suas tramas alegóricas, estimulando o inconsciente
coletivo e ajudando a construir a mitologia pessoal. O termo grego müthos,
significa fábula ou relato e deriva do verbo muthéin, o qual expressa o
ato de inventar histórias. Etimologicamente, está ligado a mithos, que
se traduz por fio de teia ou filamento.
Uma crença mais antiga que
a própria consciência da existência, fazem parte do âmago do Universo e
conseqüentemente da essência do ser...Tudo está interligado, todo o
esquema já está montado, são como os finíssimos fios que fazem parte da trama
de uma teia de aranha. É preciso aprender a ler os “sinais” que nos foram
deixados e perduraram durante os séculos, os sinais que não foram esquecidos,
os sinais da Natureza.
O mitológico Campbell
(1904-1987) em sua obra As máscaras de
Deus, cita a dança ritualística como forma de padrões arcaicos de
comportamento, igualmente encontrada entre os macacos, os pássaros, os peixes e
até mesmo entre as abelhas. E questiona se o homem como os demais seres da
criação, não possuiria alguma tendência inata para reagir de forma racial,
estritamente padronizada, a certos sinais do meio ou de sua própria espécie.
Com o transcorrer do tempo,
o homem foi cada vez mais se esquecendo
desse seu lado mitológico, desse seu lado mágico; condenando-se assim ao “mundo
das sombras”. É preciso enxergar além, abrir-se para o “mundo das idéias”,
crer no aparentemente inusitado; como observaram Bergier e Pawels em seu livro O
Despertar dos Mágicos: “Esquadrinhar a história invisível é um exercício
muito são para o espírito. Desembaraçamo-nos da repugnância pelo inverossímil
que é natural, mas que muitas vezes paralisou o conhecimento.”
O
fantástico virou sinônimo de satírico, algo impossível, coisa de doido, talvez,
para camuflar seus poderes... Pois, a descoberta da mitologia pessoal, essa
libertação do “mundo das sombras”, a leitura e uso dos símbolos e
signos, acarretam um conhecimento superior temido por muitos. Esse
antigo conhecimento perdurou disfarçando sua importância através das histórias
infantis- O encanto, a mágica, o valor simbólico e a importância dos objetos, estão
camuflados em simples brincadeira de criança, Isso porque em determinada época da
historia, tais crenças foram condenadas com pagãs e somente perduraram por
séculos, graças a este disfarce, por terem entrado para o “Maravilhoso
Universo Infantil”, onde tudo é possível e a censura inexistente. O estudo do Universo
onírico é de grande importância tratando-se deste assunto, Freud (1856-1939) e
Jung (1875-1961) detiveram-se amplamente sobre este assunto. Freud, observou que, muitas
vezes, sonhamos com elementos que nada tem haver com a experiência pessoal;
chamou tais formas de resíduos arcaicos, que aparentam ser traços
primitivos representantes da herança comum do espírito humano. Dando
continuidade às idéias de Freud, Jung observou que, assim como nosso corpo é um
detalhado museu de órgãos, cada qual com sua longa evolução histórica e
filogenética, também a mente deve ter tido uma evolução análoga. Jung chamou de
arquétipos (assim como anteriormente o fez Platão), o que Freud chamou
de resíduos arcaicos. Segundo
Jung, arquétipos não podem ser herdados geneticamente, o que se
transmite de geração a geração, é a tendência da mente a formar representações
simbólicas, padronizadas em seu sentido genérico, mas totalmente variável em
detalhes; o arquétipo é na verdade, uma tendência sensitiva dotada de
direção e intenção tão marcada como o impulso das aves para fazer seu ninho, ou
das formigas para se organizar em colônias.Tanto os resíduos arcaicos
como os arquétipos, são signos cuja transferência de energia se dá com
os objetos conforme a vontade da pessoa que o possui. O primitivo, por ter um
instinto mais aguçado, tem mais facilidade em ver esse “lado mágico” da vida.
Jung em seu livro O Homem – à descoberta de sua alma, afirma que:
“O primitivo alia a um mínimo de consciência de si, um máximo de compenetração
com o objeto, o qual é capaz de exercer sobre ele a sua magia constringente.
Toda a magia e toda a religião primitiva se fundem sobre essas influências e
interferências mágicas, que demandam do objeto e cuja origem só pode procurar-se
em projeções de conteúdos inconscientes sobre o próprio objeto”. O objeto apresenta apenas
uma parcela da projeção, o significado é subjetivo e o sujeito acaba fazendo
parte da imago* do objeto. Assim, a vitalidade e a independência da imago, escapam
à consciência de quem as projeta e, como observou Jung: “O objeto exterior consegue por pé na vida interior e nela participar.
Eis como, por via inconsciente, um objeto exterior pode
exercer uma ação psíquica imediata sobre o sujeito, visto a sua identidade
com a imago o ter de certo modo introduzido no próprio seio das rodagens do
organismo psíquica do indivíduo. Daí o “poder mágico” que um objeto pode conter
em relação a certos indivíduos”.