Especialmente com Platão, Aristóteles
e Plotino a estética era estudada fundida com a lógica e a ética. O Belo o Bom
e o Verdadeiro formam uma entidade com a obra. A essência do Belo seria
alcançada identificando-o com o Bom. A estética defende uma METAFÍSICA DO BELO,
que se esforça para desvendar a fonte original de todas as belezas sensíveis:
reflexo do inteligível na matéria! Uma coisa seria mais ou menos Bela conforme
sua participação na Idéia Suprema de Beleza.
Entre os antigos, o Belo estava ligado
à noção (divina) do Bem. Apenas por volta de 1750 é que os conceitos de
estética e beleza foram associados.
Experiência Estética é o que temos
frente a um objeto ao senti-lo como belo.
Ao adquirirmos uma roupa, além de sua
eficiência e funcionalidade, mesmo que inconscientemente, nos preocupamos
também com sua estética! Os objetos não têm apenas utilidade, mas estilo.
O matemático Poincaré dizia que a
primeira coisa que ele verificava em uma equação era sua questão estética, isto
é, se ela se demostrava como bela.
Com isso, os seres humanos podem
manter 2 tipos básicos de relacionamento com o mundo: relacionamento prático e
estético. Na experiência prática interessa-nos a função das coisas e na
experiência estética sua forma, sua aparência.
A Beleza é uma maneira de nos
relacionarmos com o mundo. Não tem a ver com formas, medidas, proporções,
tonalidades e arranjos pretensamente ideais que diferem algo como Belo. (João
Francisco Dutra Junior – O que é beleza pg13).
Acabou-se o tempo em que estudos estéticos
ditavam regras de beleza, beleza não diz respeito às qualidades dos objetos
mensuráveis, mas à forma como nos relacionamos com eles.
A beleza não é uma qualidade objetiva
que certos objetos possuem. O que é Belo para um não o é para outro, ela não se
encontra nas coisas.
A Beleza habita a relação. A relação
que um sujeito mantêm com determinado objeto. Como observou Fernando Pessoa: “
A Beleza é o nome de qualquer coisa que não existe, que dou às coisa em troca
do agrado que me dão.” Para que a consciência sinta a Beleza é necessário que
seja tocada pelo “aparecer” de um dado objeto.
Você deve estar se perguntando: Mas o
que isso tem haver com a moda? E eu lhe digo: TUDO!
Confesso que por muitos anos tive
preconceito com a Moda, mesmo na época que já estava na faculdade, a via como
fútil, mas percebi que hoje ela é uma das maiores artes, um canal muito
incrível de comunicação, atinge todas as classes, e de fútil não tem nada,
fútil é quem a enxerga como tal...
Através de anos de estudos e
pesquisas conclui que a roupa, muito mais que a função de proteger e cobrir,
tem nas entrelinhas, um outro objetivo, uma função estética, de proteger o
“espírito”, uma função digamos “mágica”.
Estudando a história do vestuário
descobri que na antiguidade, como na Lenda do rei Arthur, as vestimentas dos
cavaleiros, os objetos, como bainhas de espadas e tudo o mais eram
confeccionados por sacerdotizas e feiticerias através de rituais mágicos dando
a estes não só o poder de cobrir, como também de proteger, como 1 “amuleto
mágico”, um objeto de poder, isto é; davam mais valor ao poder estético dos
objetos que à sua funcionalidade!
As mil e uma noites afirmam que neste
mundo tudo, exatamente tudo tem uma “alma”, um gênio pessoal, desde um homem, a
1 pedra, a 1 cadeira....
Assim, fui me apaixonando pela Moda e
pela idéia da possibilidade de transmitir uma nova fonte de visão dela às
pessoas.
A anos venho pesquisando este assunto
e cada vez mais fico feliz com os resultados, e cada vez mais tenho
comprovações de que os fatos correspondem, e cada vez mais tenho provas nos
mais variados meios...
Olha um exemplo; estava na exposição
500 anos de Brasil, na Bienal, tinha uma instalação na oca chamada Toca do
Índio, vejam a frase da entrada:
“São os objetos mais poderosos que mais encaram o príncipio
transformador, não só se auto-transformam nos seres e forças invisíveis que
tornam presentes, como também transformam os humanos que os usam.Objetos
Xamânicos, estabelecem uma relação direta com forças e seres outros. É uma arte
que serve mais para ver do que para ser vista. Frequentemente quanto mais
poderosos são os objetos mais condicionado é o seu olhar. E em alguns casos sua
visão é permitida só a algumas pessoas e excluída a todas as outras.” (
Exposição 500 anos de Brasil- Toca do Índio).
Percebam, os antigos tinham esse
senso estético em relação aos objetos que perdemos, esse lado da beleza, que
encara os objetos não como futilidades vãs, mas com um conceito diferenciado.
É isso que queria que percebessem
Mito da caverna
Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna
existe uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da
caverna permanecem seres humanos, que nasceram e cresceram ali.
Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se,
forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas
sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas
paredes da caverna também ecoam os sons que vêm de fora, de modo que os
prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras, pensam ser eles as
falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras sejam a
realidade.
Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se
movendo e avance na direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os
obstáculos que encontre e saia da caverna, descobrindo não apenas que as
sombras eram feitas por homens como eles, e mais além todo o mundo e a
natureza.
Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos
companheiros a situação extremamente enganosa em que se encontram, correrá,
segundo Platão, sérios riscos - desde o simples ser ignorado até, caso
consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por louco e inventor de
mentiras.
Platão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis,
como buscavam Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele
buscava a essência das coisas para além do mundo sensível. E o personagem da
caverna, que acaso se liberte, como Sócrates correria o risco de ser morto por
expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente.
Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu,
que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que quase tudo
aquilo é falso, é parcial, e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente
diferentes. Foi justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos
cidadãos de Atenas, inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela
qual Platão nos convida a imaginar que as coisas se passassem, na
existência humana, comparavelmente à situação da caverna: ilusoriamente, com os
homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por
isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades